segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A Besta


No princípio ele era um bisonte,
Rei do disco, o meu animal da sorte.
Era fácil respirar na sua herdade arejada.
O sol punha-se no seu sovaco.
Nada apodreceu. Os pequenos invisíveis
Serviam-no das mãos aos pés.
As irmãs deprimidas transferiram-me para outra escola.
O macaco viveu sob o chapéu de burro.
Continuou a enviar-me beijos.
Eu mal o conhecia.

Ele não se vai livrar de:
Patasresmungonas, lacrimante e pesaroso,
Fido Pequen'alma, o familiar intestino.
Um cesto do lixo é suficiente para ele.
As trevas o seu osso.
Chamem-no por qualquer nome, ele virá à chamada.

Poço de lama, cara de chiqueiro feliz.
Casei-me com um armário de lixo.
Deito-me numa poça de peixe.
Aqui em baixo o céu está sempre a cair.
A pocilga fica à janela.
Os insectos estrelados não me vão salvar este mês.
Tomo conta da casa no esgoto do Tempo
Entre formigas e moluscos,
Duquesa de Nada,
Noiva do Cabelo-de-presas.

Sylvia Plath in Crossing the water - transitional poems

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