(acaba de chegar e para aqui vão)
7.
Assim, aqui
Onde nada repete outro tempo,
O sopro amplia a permanência
Do mais compacto gesto
*
8.
Alguém aprende
A reconhecer
As mãos pelo tacto:
Surpreende-se
Com linhas de textura
Que não as da pele.
Entre a espera e o cerco
Há a intenção da demora
Para habituar o movimento
À forma estável.
E quando se ascende
Ao desafio do encontro,
Algo alheio atinge a sensibilidade
E ali fica.
*
11.
A paciência conhece o tempo da espera,
Arruma-o
Junto aos destroços de velhas torres de vigia
Que habita sem transformar.
*
19.
As pequenas mãos que ignoram
A vida dos frutos
Colhidos antes do tempo
São inocentes e agem
De acordo com uma presença
Terna.
Brincam essas mãos
Sem saberem ainda
Da força da maturidade.
*
20.
Um golpe na pele
Como um abismo onde
O desamparo cresce para dentro.
Um golpe justo a deixar
Que as noites sejam tensas,
Rigorosas
Em sua escuridão propícia
À fertilidade.
in Rui Almeida, Caderno de Milfontes, Nazaré, Volta d'mar, 2011: 15, 16, 19, 28 e 29.
4 comentários:
=)
ainda bem que gostaste, agora só falta pedires o livro à volta d'mar (eheheh).
Muito obrigado pela leitura, pela divulgação e, em particular, pela curiosa construção a partir de versos do livro.
É bom saber q os poemas são acolhidos.
Obrigado.
caro rui,
obrigado, mas não tens nada de agradecer. gosto de ajudar as edições de autor, ou quase (neste caso uma nova editora). só temo que a minha maldição não estrague a publicidade, porque eu sou uma espécie de midas invertido.
um abraço
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